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quarta-feira, 9 de julho de 2014

Empresas familiares precisam preparar sucessor para assumir negócios

Processo de fazer com que empresa passe por gerações necessita planejamento.

Se não for bem planejada, a sucessão da gestão de uma empresa pode ser motivo de dor de cabeça e colocar em risco o futuro do patrimônio construído. Pensar nesse processo significa preparar - de preferência com cinco a sete anos de antecedência - a geração seguinte para que assuma o comando do negócio na hora certa, com maturidade e a certeza de que essa é a vontade também do herdeiro. Caso haja interesse por parte da nova geração, exigir uma formação acadêmica condizente com os negócios é regra essencial.
“Ele deve ter formação em gestão ou administração, trabalhar na empresa, passando por vários setores, para mostrar a sua forma de gerenciamento. É interessante também observar o comportamento dos filhos para o pai selecionar qual está mais apto para exercer um devido cargo”, explicou a diretora da consultoria internacional PricewaterhouseCoopers (PwC), Mary Nicoliello.
Conforme dados do Sebrae, cerca de 80% das empresas nacionais são consideradas familiares, mas, segundo uma recente pesquisa levantada pela PwC, apenas 12% mantém o controle familiar até a terceira geração. É o caso da Padaria Santa Cruz, existente há mais de 50 anos no mercado. Eduardo Oliveira Neto, 22 anos, que é neto de um dos fundadores do estabelecimento, contou que, desde os tempos da infância, ia à padaria aos domingos como uma diversão. Tal convívio o fez despertar para o ramo: hoje, ele optou pelo curso de administração de empresas como uma forma de se engajar nos negócios da família.
    “Isso porque pretendo não deixar morrer um legado que custou a fazer seu nome no mercado”, disse. A empresa, fundada em 1959 pelo avô de Eduardo, o empresário Eduardo Amorim, 73 anos, junto ao seu falecido tio, José Amorim, é administrada por familiares de ambas as gerações. “São poucas as empresas familiares que sobrevivem por não haver um engajamento entre parentes. Todos nós fomos livres para escolher, mas as experiências passadas pelo nosso pai nos deixaram bem ambientadas com os negócios”, contou uma das filhas de José Amorim, Ana Amorim, de 52 anos.

    Marina Mahmood/Folha de Pernambuco
    Mércia diz que nunca deu moleza para a filha Marisa (sentada à esquerda)
    No entanto, levar o nome da família não é suficiente por si só para dar credibilidade ao novo líder. A partir disso, os dados recolhidos pela PwC revelam que 88% dizem trabalhar mais do que outros funcionários para provar sua competência. Já 59% consideram que ganhar o respeito de seus colegas de trabalho é o maior desafio enfrentado. Com isso, para o fator hereditário não pesar contra a filha, a empresária Mércia Moura, dona da fábrica de roupas MM Special, em Itambé, que produz roupas para a grife Marie Mercié, achou importante fazer com que sua herdeira passasse por todos os processos da empresa. “Ela começou estagiando como vendedora em uma das lojas para ganhar experiência e credibilidade tanto aos meus olhos, quanto ao dos demais funcionários. Sempre deixei muito claro a diferença entre funcionária e filha e assim que deve ser feito para mostrar a eles (filhos) que o céu não é perto”, afirmou Mércia.

    Atualmente ocupando o cargo de diretora comercial da marca, a filha caçula da empresária, Marisa Moura, de 30 anos, já passou pelos cargos de vendedora, gerente e supervisora até chegar à posição atual. “Nunca tive privilégios por ser filha, muito pelo contrário. Ela me fez começar de baixo, o que me fez conhecer todo o sistema operacional da empresa”, declarou. Além de Marisa, as noras Mariana e Priscila Moura também atuam na empresa.

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